16 lições que aprendi com Chaves e Chapolin

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Como todos já devem saber, Roberto Gomez Bolaños, o eterno Chaves e Chapolin, preferiu morrer do que perder a vida ontem, 28 de novembro de 2014.

Boa parte dos seus 85 anos de vida foi dedicada ao humor. Boa parte dos meus 27 anos foi dedicada ao Chaves e ao Chapolin. Os programas marcaram minha infância, minha adolescência e continuam até hoje no que costumo chamar de vida adulta, da qual fazem parte videogames, brindes infantis do McDonald’s e inúmeros doces, então eu posso estar enganado.

Essa é uma pequena homenagem para um dos meus maiores ídolos. Sem Bolaños e suas criações, minha vida teria sido completamente diferente, e acredito que para pior. Seu gênio, seu humor, suas fantasias foram partes fundamentais do meu crescimento. Sinceramente acredito que esses dois programas inocentes contêm ensinamentos poderosos e uma boa dose de filosofia.

Essas são as 16 lições que aprendi com Chaves e Chapolin. Possivelmente estou esquecendo de algumas, mas palma, palma, não priemos cânico. Basta mencionar nos comentários.

1) Às vezes tudo de que precisamos é um sorriso. Quantas vezes já cheguei em casa depois de um dia de merda, cansado, abatido, triste, e bastou ver um episódio do Festival da Boa Vizinhança para esquecer os problemas. Todos precisamos de mais diversão no dia a dia. As crianças riem em média de 300 a 500 vezes por dia; os adultos somente 15. Rir é viver. Ria mais.

2) Não perca o seu lado criança. É o seu lado criativo, que não tem medo de inventar. O lado que não sabe o que é a derrota nem a vergonha. O lençol vira uma tenda, a caixa da máquina de lavar vira um forte, os bonecos criam vida.

3) Não se leve tão a sério. Eu invento músicas idiotas e dancinhas ridículas pra minha namorada o tempo todo. Ela se diverte. Pra mim, é o que vale. Leve a vida numa boa, sem rancores. Pessoas que se levam a sério demais são paspalhonas de uma figa, bocós de meia tigela e panacas de uma ova.

4) Ter medo é normal. Todo mundo tem medo. Até super-heróis. Alguns são até covardes. O que importa é não deixar o medo te paralisar como uma corneta mágica. Reconheça o medo e siga em frente mesmo assim.

5) Bruxas não existem. A maioria dos nossos medos nunca se concretiza. Está tudo na nossa cabeça. Epa, que barulho é esse? É você, Satanás?

6) Ajude a quem precisa. Porque sempre tem alguém precisando de ajuda. E não é necessário ir até uma organização especializada, basta olhar para a calçada da sua rua. Os ovos da venda da esquina podem ser merreca pra você, mas significam muito para um desabrigado. Assim como toda uma barraquinha de churros.

7) A humildade nos leva longe. Até Acapulco. Mesmo com uma roupinha mucho louca, com tudo remendado e sem valer nenhum centavo. Chaves fez sucesso pelo mundo todo com um cenário simples. Os personagens quase nunca trocavam de roupa. Mas a humildade não está só relacionada a bens materiais, está também na atitude diante dos acontecimentos. Seja humilde ao ganhar, mas também tenha humildade para reconhecer a derrota ou para saber quando deixar de vencer. Deixe o inquilino miserável dever 14 meses de aluguel. Perdoe com graça. Diga que apostou no outro lutador.

8) Ser empreendedor é fácil. Arrume alguns baldes imundos e faça sucos de gostos duvidosos. O importante é arriscar.

9) Superpoderes são superestimados. Não precisamos deles. Os episódios em que o Chapolin usava a Pílula de Polegarina e a Corneta Paralisadora eram quando as coisas davam mais errado. Softwares e apps caros, computadores mais avançados, celulares mais modernos. Tudo isso é desnecessário para realizarmos o que queremos. Deve ser incrível ter o Mjolnir, o martelo do Thor, mas uma simples marreta também consegue dar conta do trabalho de meros mortais. Dê um nome legal pra ela, tipo Marreta Biônica, e mãos à obra.

10) Contente-se com o que tem. Dê valor ao que possui. Seja um brinquedo de lata, barbante e madeira, inseptos com gasolina ou uma bola redonda. A alegria de novos bens é passageira. Visar a próxima aquisição é como perseguir o homem invisível. Acho que ele está por aqui. Como eu sei? Porque eu não vejo ele.

11) Seja grato às pessoas com quem convive. Mesmo que tenham cara de chimpanzé reumático.

12) Reclamar não muda a situação. Pelo contrário, acaba piorando a dos outros. Se não puder mudar a situação, mude sua atitude em relação a ela. Em vez de reclamar, saia do cinema e vá assistir ao filme do Pelé.

13) Um bom coração sustenta a juventude e supera vários defeitos. Você pode não ter casa, não ter emprego, ser barrigudo e ganancioso, ser velha coroca com pernas de saracura, burro e mimado, alto e arrogante, bruxa, nanica, fanha ou um evitador de fadiga profissional — não faz diferença. Um bom coração supera quase todas as falhas. O mundo está em falta de simplicidade, bondade e altruísmo. Faça sua parte.

14) Proteja quem você ama. O senhor não vai morrer. 🙂 Vão matar o senhor. 🙁 Mas eu vou cuidar de todos eles com esse pedaço de pau, aqui.

15) É bom ter um lugar só nosso. Seja para pensar, recarregar as energias, dormir ou simplesmente se afastar e ficar um tempo sozinho. Pode ser uma praia, um shopping, uma varanda, um terraço, uma piscina, uma academia, uma livraria, uma loja, um restaurante ou um barril de madeira.

16) Dizem que atualmente os vilões são bonitos e os mocinhos são feios. Não assiste ao Kojak? Ao Columbo? Ao Polegar Vermelho? Chinesinho, Rasga Bucho, Racha Cuca, Tripa Seca, Quase Nada, Pistoleiro Veloz, Alma Negra, Matadouro, Bruxa Baratuxa, Fura Tripa, Rosa Rumorosa, Garrafa, Mão Negra, Almôndega, Botina, Porca Solta, Poucas Trancas, Conde Terranova, Riacho Molhado, Homem Nuclear, Pancho, Carne Seca, Lagoa Seca, o Abomineve Homem das Naves e o Bebê Jupteriano confirmam essa hipótese.

Obrigado por me mostrar a Sapatos Airlines, o churichurinfunflai, o cherrin cherrion, o parangaricutirimirruaro, o time is money, oh yeah, os aerolitos, o programa daquele advogado, o Pedemaisum, os metocarguitarras, metocarpianos e metocarviolinos, a bola quadrada, os animais que comem com o rabo. Obrigado por não ser mais burro por falta de vitaminas, pelas 44 repetições da volta do cão arrependido, com suas orelha tão fartas, o seu osso roído e o rabo entre patas, pelo extrato de energia volátil, pela formula da invisibilidade (óleo de rícino, vinagre, quatro dentes de alho, muita pimenta, mostarda e três pelos de gato negro — mas era mentira, porque a fórmula na verdade é uma tinta), pela semelhança entre o tinteiro e a canção da ausência e por todos os sanduíches de presunto.

Bolaños querido, meu coração por ti bate…

Até logo, e obrigado pelas risadas.

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