10 maneiras de incluir temas na sua história

Como eu disse no segundo diário de escrita, resolvi fazer um post sobre temas.

Para quem não leu:

Quando escrevo uma história, sempre penso no tema. Não é algo obrigatório, na minha opinião, mas o negócio é o seguinte: toda história, quer você queira ou não, vai ter um tema, uma mensagem por trás do enredo. Mesmo que você não o tenha incluído conscientemente, o leitor sempre vai interpretar a história da maneira dele e achar um tema que fez sentido para ele.

Por isso você bem que pode tentar incluir um tema que você quer na história, mesmo que os leitores não o identifiquem ou achem um diferente. Essa manipulação de tema se torna um norte para guiá-lo na escrita. Você se pergunta como pode incluir o tema na cena, no conflito, em que direção o tema está seguindo, se ele está sendo confirmado ou refutado, e por aí vai.

Ou seja, não é algo que você precisa ter na sua história, mas acredito que pode ajudá-lo a se guiar na escrita e manter um enredo (e subtramas) mais coesas.

Lembre-se também que os seus temas podem (e talvez devam) ser particulares. Não precisa colocá-lo na sinopse, contar para os leitores, nem justificá-lo para ninguém. Se interpretarem sua história com o tema que escolheu, ótimo! Se acharem coisas completamente diferentes, ótimo também! Depois de publicado o livro não é mais seu, é dos leitores, e não existe mais opinião certa.

Assim, eu trouxe 10 sugestões de como incluir temas na sua história:

1. Use clichês

O clichê pode ser um ponto de partida para centrar sua história. Com clichê, eu quero dizer provérbios, ditos populares ou simplesmente frases de efeito como “A amizade é a maior força do mundo.”

Talvez o escolhido seja “Há um aprendizado em cada erro”. A frase pode direcionar as cenas do seu romance, com o foco da história nas decisões erradas do personagem que culminam com ele usando tudo o que aprendeu para vencer.

O objetivo não é ficar repetindo e contando o clichê pela história, mas mostrá-lo acontecendo.

Lembre-se de que o tema é privado. Ninguém vai saber que tudo nasceu de um clichê. Shhhh!

2. Transforme o clichê em pergunta

Usando os exemplos acima, a pergunta da história seria “A amizade é a maior força do mundo?”, ou então “Qual a maior força do mundo?”, ou ainda “Qual a força da amizade?”. A história seguiria tentando responder essa pergunta, talvez sem nada definitivo, ou com uma resposta afirmativa/negativa.

No segundo clichê teríamos “Há um aprendizado em cada erro?”, ou “O que cada erro nos traz?”, ou “O que aprendemos com nossos erros?”, e por aí vai.

3. Alguém pergunta o tema para o protagonista

Se quiser manipular o tema um pouco mais e guiar o leitor, uma opção é fazer alguém perguntar o tema para o protagonista no começo da história. Talvez ele não responda, ou pense que tem a resposta mas está errado, etc. O arco de personagem dele será em torno dessa pergunta.

4. O antagonista afirma o tema contrário

Se o protagonista mostra dúvidas e está buscando responder a pergunta-tema, faça o antagonista afirmar o tema contrário, cheio de certezas. Isso pode criar um contraste interessante na história.

Se a pergunta do protagonista for “Até onde devo limitar meus poderes?”, o antagonista responde o seu arco com “O poder não deve ter limites”, ou “Limitar o poder é uma fraqueza e um desperdício”.

5. Use outros personagens para confirmar e refutar algum tema

Crie o arco de personagens secundários como forma de responder a pergunta de outros temas, dar outras respostas para o tema principal ou desenvolver temas diferentes.

6. Use subtramas para temas diferentes

Em vez de usar o enredo principal do livro como veículo para vários temas, use subtramas para desenvolvê-los. Esses temas podem:

  • servir de paralelo ao tema principal.
  • servir como contraste.
  • ser completamente diferentes.

7.  Nuvem de palavras

Faça um brainstorming com, no mínimo, 10 palavras (ou frases) relacionadas a um tema, humor, tom, ou “sabor” da sua história. Anote-as em um papel e o deixe sempre à vista quando estiver escrevendo. Elas formarão uma nuvem de palavras que guiarão todas as cenas do seu livro.

Se algumas dessas palavras for “romance”, “diversão”, “alegria” e “personagens implicantes”, por exemplo, com elas à vista você sempre vai saber se estiver se desviando demais do “clima” da sua história.

8. De cima para baixo

Aborde o tema de forma abrangente e vá tornando-o mais específico aos poucos.

Por exemplo: morte > amor e morte > o amor supera a morte? > o amor supera tudo, até a morte.

Desça até onde preferir. Se a palavra “morte” já serve como tema para você (vide nuvem de palavras), perfeito. Siga para a história.

9. Encaixe o tema na estrutura de três atos

Da mesma forma que os personagens tem arcos e a história tem uma estrutura, crie esse tipo de desenvolvimento para o tema. Exemplo:

  • 1º ato: o tema é perguntado/estabelecido/o protagonista resiste a ele/ignora-o /representa-o erroneamente.
  • 2º ato: o tema é percebido pelo protagonista/reforçado/intensificado/desafiado/comparado com seu oposto/o protagonista diminui sua resistência contra o tema/passa a questioná-lo.
  • 3º ato: o tema é adotado/confirmado/negado/o protagonista finalmente o aceita ou rejeita/o tema fica aberto para interpretação.

10. Deixe o tema para a revisão

Se você não quiser se preocupar com o tema durante o primeiro rascunho, ou não for de planejar muito o que vai escrever, deixe o tema para depois de concluir o manuscrito. Como eu disse no começo, toda história tem um tema, quer tenha sido sua vontade ou não.

Então, depois que terminar de escrever, procure qual tema ou temas surgem durante o livro. Na revisão, faça os ajustes necessários para torná-lo mais visível ou invisível, para trazê-lo mais à superfície ou escondê-lo nas cenas. Deixe tudo do modo que achar melhor.


E é isso. Como sempre, são apenas sugestões de coisas que funcionam para mim. Talvez você não goste de nenhuma delas. Sem problema. O importante é descobrir o que te ajuda e ignorar o resto. Faça o seu do seu jeito. Conselho é sempre opinião.

Se quiser, misture uma cambada de temas na história e deixe o caos brilhar. Ou ignore completamente esse tema sobre temas.

Boa escrita!

Este post tem 6 comentários

  1. Marina

    Adoro suas dicas. Sempre que venho aqui, dá vontade de pegar meu manuscrito e voltar a trabalhar nele. O problema é que ando totalmente sem tempo de manter uma rotina de escrita. Sinto o tempo passando, as ideias, fugindo… =/

    1. Thiago d'Evecque

      Muito obrigado pelas palavras, Marina. É maravilhoso saber que inspiro pessoas como você 🙂

      E também é uma pena saber que não tem escrito. Espero que ache um tempinho para voltar com a rotina e prender essas ideias fujonas.

  2. Oração

    Ola! Obrigado…Eu aprecio o esforço colocado neste site e vou visitar aqui mais vezes.

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