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Diário de escrita #2 – Temas e descrições

Passei dos 50% do manuscrito do segundo livro da série Abismo!

Temas

Quando escrevo uma história, sempre penso no tema. Não é algo obrigatório, na minha opinião, mas o negócio é o seguinte: toda história, quer você queira ou não, vai ter um tema, uma mensagem por trás do enredo. Mesmo que você não o tenha incluído conscientemente, o leitor sempre vai interpretar a história da maneira dele e achar um tema que fez sentido para ele.

Por isso você bem que pode tentar incluir um tema que você quer na história, mesmo que os leitores não o identifiquem ou achem um diferente. Essa manipulação de tema se torna um norte para guiá-lo na escrita. Você se pergunta como pode incluir o tema na cena, no conflito, em que direção o tema está seguindo, se ele está sendo confirmado ou refutado, e por aí vai.

Ainda vou fazer um post melhor sobre temas.

[Atualização: 10 maneiras de incluir temas na sua história]

Descrições

Outra coisa que percebi no meu processo é que descrições de lugares e personagens novos me atrasam muito e me fazem procrastinar. Se eu termino um capítulo fechadinho e no próximo preciso ambientar o leitor em um cenário novo, puta merda, como eu encontro coisas pra fazer no lugar de escrever.

Mas também tem duas táticas que me ajudam:

Exagerar

Eu coloco uma meta de, digamos, 500 palavras para descrever o lugar ou o personagem novo. Falo sobre a textura da grama, a cor dos tijolos por dentro da massa da parede, os tipos de insetos que vivem ali, o passado e a criação do lugar, os símbolos que existem e o que representam, os sons, cheiros, gostos, os detalhes mais específicos possíveis, a qualidade da luz durante os diferentes momentos do dia, a curva das unhas do personagem, a forma das sobrancelhas… deu pra entender, né?

Isso me ajuda a sair da inércia e voar por essa fase inicial que me enche de preguiça. Nada desse conteúdo precisa ficar na versão final do livro. Na hora de revisar eu corto os excessos, procuro ajeitar as descrições para a percepção do personagem que está com o ponto de vista e incluo conflito nelas.

Substituições

Para não perder tempo demais com descrições, eu crio alguns substitutos. Em vez de pensar no nome de um rio, por exemplo, eu uso “rio XX” e deixo para decidir depois. Isso evita que eu fique parado tempo demais pensando em detalhes.

Também gosto de usar colchetes como lembretes para a revisão, e isso serve para além das descrições. Por exemplo, durante um diálogo, eu uso [melhorar essa resposta]. Coisas como [pesquisar melhor sobre esse assunto], [descrever essa arma], etc.

Na revisão, é só usar a busca e digitar “XX”, “[” ou “]” e consertar.

É isso. Se quiser que eu fale sobre alguma parte específica do meu processo da próxima vez, só deixar um comentário.

Este post tem 3 comentários

  1. Laís Helena

    Adorei ler seus comentários sobre descrições, porque esse método da substituição eu uso também! Vivo escrevendo coisas como “eles pararam na [inventar nome da rua]” (e muitas vezes percebo que estou procrastinando justamente porque preciso inventar um nome ou descrever alguma coisa). Agora essa parte de descrever em detalhes não funciona comigo (aí é que eu fujo mesmo da escrita). O que eu gosto de fazer nesses casos é descrever a sensação que o lugar passa (por exemplo, escrever algo como “a sala parecia uma mistura de casa de revista com república de estudante” em vez de citar a cor das paredes, disposição dos móveis, etc.)

    1. Thiago d'Evecque

      Eu também incluo essas sensações na descrição exagerada hahaha. Eu tento escrever sobre absolutamente qualquer coisa que me vem à mente para não ficar travado e pensar só numa descrição apropriada, sabe?

      É muito bom encontrar o que funciona pra gente, né? Conhecemos melhor nosso processo criativo. O importante é isso aí — usar o que gostamos e descartar o resto.

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