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Diário de escrita #1 – Novos começos

Vou manter um diário de escrita por algumas razões:

  1. Minha experiência pode ajudar outras pessoas.
  2. Eu gosto de escrever sobre escrever.
  3. É mais uma forma de manter você informado sobre o meu trabalho.
  4. É uma forma de “prestação de contas” que me mantém escrevendo.
  5. Para manter registros legais de olhar no futuro. Imagina se você pudesse ver algo parecido, digamos, do Tolkien? Não que eu me compare com ele ou me ache alguém tão fascinante a ponto de gerar o mesmo tipo de interesse, mas mesmo assim.

E eu começo falando um pouco sobre meu projeto atual, o segundo livro da série Abismo. Passei por um mini-hiato devido a *insira razões aqui* e na segunda-feira voltei a escrever.

[Esse é um projeto com medalhas para me motivar, cheio de “conquistas” para várias partes da jornada de escrever um livro. Juro que um dia vou terminar!]

Planos

Eu começo um livro anotando ideias e sugestões das cenas que precisam acontecer na história. Como esse projeto é uma continuação, muitas das cenas já tinham sido pensadas.

E além de ser uma continuação, esse segundo livro era para ser parte do primeiro. Quando planejei Promessa de Fogo e armei sua estrutura, minha intenção foi concluir toda a história que será finalizada nesse segundo livro. O problema é que, quando começamos a escrever (mais sobre isso daqui a pouco), a realidade ridiculariza o que você planejou e todo o castelo de areia começa a ruir.

Minha meta era concluir todo o planejado em 40 mil palavras. Quando cheguei em 50 mil, vi que ainda faltava muita coisa, então decidi cantar Closing Time e fechar o boteco.

E agora continuo de onde parei, mas muita coisa mudou. Estou mais sábio, mais forte, mais machucado, e mais cínico.

Mentira, eu não aprendo nada.

Começos

Primeiro, como eu disse, anotei as cenas principais do livro, tudo que precisa acontecer para contar essa história.

Depois eu segui o método do Floco de Neve até o passo 4 (se você não conhece o método, eu sugiro que compre o livro para ver explicações bem detalhadinhas sobre ele, mas o esquema principal é gratuito pelo link ali em cima e aqui tem uma versão do post em português).

Ou seja, fiz a tagline (ou logline, uma frase que resume a história e serve para “vender” o livro), criei uma sinopse de toda a trama e trabalhei nos personagens.

Nada disso é feito no vácuo, justamente a intenção do Floco de Neve. Quando me aprofundo nos personagens, percebo que algumas decisões da história não fazem sentido, então altero o enredo, e alterando o enredo eu vejo que o personagem precisa ser um pouco diferente, e assim as coisas se interlaçam.

O floco cresce. Tudo isso enquanto adiciono coisas no arquivo de world building, na linha do tempo, na história de outros personagens menores, na construção das cidades, e etc.

No livro atual, eu deixei a estrutura somente no formato do passo 4 do Floco de Neve, a sinopse. No livro passado, eu cometi o erro (erro pra mim, é importante frisar) de detalhar muito a estrutura, escrevendo cada minúcia de cada cena do livro, até o final.

Isso tirou o meu tesão de escrever, e escrever um romance sem tesão é como fazer qualquer outra coisa sem tesão — demora demais, não satisfaz e a jornada toda é meio caída, se é que me entende.

Mas isso foi bom pra me conhecer. Agora eu sei que não posso planejar demais uma história.

Eu sugiro que você tente escrever um romance das duas formas: uma com planejamento extremamente detalhado e outra apenas com o básico, ou possivelmente sem nada, no escuro. Veja o que funciona pra você. Há uma boa chance de você adaptar e inventar um processo único para o seu trabalho. O meu é uma mistura de vários métodos de vários livros de escrita.

Acredito que esse teste não faça muita diferença em contos ou mesmo novelas pela natureza diferente do formato, da dedicação, da demora e do enredo.

Meios

Provavelmente acontece o mesmo com você: todo planejamento acaba mudando quando avançamos na história. Eu acho que isso acontece porque você passa a conhecer mais os personagens e percebe que algumas decisões que estavam na estrutura não se encaixam mais na personalidade deles. E aí o enredo faz curvas.

Isso é ótimo. O enredo e o personagem crescem juntos, em vez de tentar enfiar o personagem em situações prontas que não se justificam (o que é frustrante) ou construir uma trama em torno deles (o que restringe demais a história). O processo se torna mais orgânico.

Estou com 5 mil palavras nesse novo manuscrito, cerca de 12% do modesto total planejado de 40 mil. E já consigo ouvir as musas rindo de mim. PELO MENOS ESTOU TENTANDO, SUAS MALDITAS!

Algumas cenas vão mudando, depois vou incluindo outras, mas não me preocupo muito com isso nesse momento. A história vai mudar, é preciso aceitar isso, e ajeitar o plano conforme avançar.

Agora o seu papel é o de um touro explodindo atrás da manta vermelha. Você só precisa seguir em frente e ajeitar o suficiente pra chegar até o fim. O resto é na edição. É o que eu faço. E esse é um problema do Thiago do futuro.

Como o post tá ficando longo e isso aumenta o risco de eu usar mais analogias esdrúxulas, vou ficar por aqui e continuar na semana que vem.

Se quiser que eu fale sobre alguma parte específica do meu processo, deixa um comentário.

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