Quando começamos a escrever, nossa expectativa está lá no alto. Esquecemos que as palavras não surgem magicamente na página em branco.
Precisamos nos esforçar, sofrer, suar, trincar os dentes e, claro, reescrever. Essa ansiedade é o que geralmente causa o bloqueio de escritor – queremos que as ideias sejam perfeitas desde a primeira sílaba, e essa expectativa surreal nos impede de escrever antes mesmo de tentarmos começar.
A cura é muito simples: escreva qualquer porcaria.
Eu também preciso sempre refrescar a memória para essa regra. Muitas vezes odeio o que coloco na página. Fica estranho, desengonçado, sem graça. Dá vergonha. Mas não importa. Parte de ser escritor (ou de querer ser escritor) é não esperar a perfeição absoluta o tempo todo.
Nem tudo que escrevemos vai ser bom, por mais que tentemos. Às vezes será bom, mas não reconheceremos e vamos odiar do mesmo jeito.
Não estamos sozinhos. A maioria, senão todos os escritores famosos também sofrem desse mal. Stephen King, por exemplo, já escreveu sobre isso em detalhes no seu livro On Writing. Eduardo Spohr também já falou sobre o assunto. Assim como outros.
Ninguém está a salvo. Há situações em que a fossa é tão grande que até duvidamos dessa nossa escolha artística. Somos nossos maiores críticos, piores que os comentaristas de YouTube. Precisamos aceitar esses dias ruins e escrever mesmo assim. Basta relaxar e se concentrar no processo da escrita, deixando o juiz interno morrer aos poucos. O resto é fácil.
Então escreva qualquer coisa. Permita-se escrever porcarias. As piores possíveis. Elas serão o cimento que formarão a base para textos melhores serem construídos.
Continue escrevendo.
Você não precisa ser excelente para começar, mas precisar começar para ser excelente.
—Les Brown