Prólogos são necessários? 6 tipos e suas funções

Um livro precisa de prólogo ou ele é desnecessário? Depende do prólogo? Depende do livro? Se pulássemos a leitura diretamente para o primeiro capítulo, perderíamos algum elemento essencial da história?

As opiniões diferem, e a maioria, claro, tem a ver com gosto pessoal.

Ao ler um prólogo, o leitor sabe que aquela ainda não é a história de verdade, especialmente quando o protagonista não participa dessa introdução. O leitor precisa “começar” o livro duas vezes, o que requer mais imersão e atenção — afinal, ele vai manter o prólogo no fundo da mente para conectá-lo com a história principal quando fizer sentido, então é melhor que o prólogo seja interessante.

Acho um pouco de exagero determinar se essa parte é necessária ou não. Pra mim, é mais uma questão de preferência. Em alguns livros, chegamos em certa parte da história e pensamos “ahhhhhh, por isso teve aquele prólogo!”. Em outros, o livro termina, o mês passa, a estação muda e acabamos sem achar nenhuma ligação.

Considero o prólogo mais uma ferramenta do escritor. Está guardado na nossa caixa e devemos decidir quando é melhor usá-lo. Obviamente sempre o utilizamos visando melhorar a experiência do leitor, apesar do resultado acabar sendo diferente, às vezes.

Vamos dar uma olhada em tipos comuns de prólogos.

1) Passado

O prólogo se passa durante um evento no passado do protagonista, geralmente para mostrar motivações e consequências futuras. A infância do Batman é um exemplo. Não é o início da história — é algo distante, uma preparação para a trama principal.

2) Futuro

Começamos lendo sobre o protagonista no futuro, após os acontecimentos do livro, como em O Nome da Rosa, do Umberto Eco.

3) In media res

No meio da ação, ou in media res, é quando a história começa… no meio da ação. O leitor é jogado no olho do furacão, diante de eventos que costumam ocorrer no meio da história. A história só começa realmente no primeiro capítulo, contando como tudo aconteceu até chegar ao meio da ação contada no prólogo. Os livros da saga Crepúsculo começam desse jeito, assim como inúmeros filmes (A Origem, Sem Limites, Thor…)

4) Ambientação

O prólogo serve como tira-gosto do livro. Ele vai ditar o tema, a atmosfera, a ambientação da história, como que preparando o leitor para o que está por vir. Um exemplo é o prólogo de Guerra dos Tronos, que serve para nos mostrar a magia do mundo, os caminhantes brancos e o horror oculto da série, algo que não vai aparecer por um bom tempo.

5) Outro olhar

Nesse tipo nos profundamos em um ponto de vista diferente dos principais — no do antagonista, por exemplo, ou de algum personagem secundário. O objetivo pode ser parecido com o primeiro tipo de prólogo, mas para outros personagens, ou então apenas mostrar um pouco do que eles são capazes. No prólogo de Eragon, vemos as forças do Império caçando o ovo de dragão da elfa Arya.

6) Exposição

Muito comum em livros de fantasia, esse é o tipo de prólogo que costuma ser chato. Geralmente serve para o autor despejar informações sobre mundo, sistemas de magia, regras, passado de personagens e outras exposições. Por outro lado, quando funciona, enriquece a história. No Belas Maldições, de Pratchett e Gaiman, o prólogo serve como um paralelo da Gênese bíblica.

Você conhece outros tipos comuns de prólogo? Em sua opinião, o que funciona e o que não funciona em um prólogo? Quais elementos dessa introdução enriquecem a leitura?

Este post tem 20 comentários

  1. Diva

    Olá!
    Estou lendo uma série que tem como prólogo parte do capítulo final do livro anterior. E no primeiro volume está mais para um prólogo In media res, aquele das metades dos acontecimentos.
    Quando o livro faz parte de uma série e o próximo volume demora, sei lá, coisa de 3 meses para ser lançado, é super válido ter um prólogo, porque você se situa melhor na história, ainda mais com um tempo desses que você teria lido outros livros.
    Até mais! =D

    1. Thiago d'Evecque

      Oi, Diva! Concordo, odeio começar outro livro da série e ter esquecido tudo que passou antes hahaha. Alguns livros, em vez de prólogo, têm um resumo dos volumes anteriores. É o caso da série Eragon.

      Até! E obrigado pela participação 😀

  2. Leanderson Souza Silva

    Eu to escrevendo um livro, e fiquei na dúvida de colocar ou não um prólogo, de primeira eu fiz 3 paginas, vi que tinha muita coisa(spoiler) tirei. deixei guardado numa pasta do evernote pra não perder tempo com ele 😀 quando terminar eu volto e quem sabe coloco um prólogo

    1. Thiago d'Evecque

      Oi, Leaderson! Parabéns por terminar seu livro. Você já está bem mais adiantado que a maioria 🙂

      O prólogo normalmente agrada mais ao escritor do que aos leitores — colocamos em nossas obras porque achamos determinada passagem interessante para a história, mas esquecemos que o interessante, às vezes, é desnecessário. Estou generalizando, claro.

      Boa sorte com seu livro! E fico muito feliz por ter ajudado.

      Abraços

  3. Raphael Guerhaldt

    No meu livro, que ainda está em desenvolvimento, o prólogo é um in media res logo do primeiro capítulo. Porém é contado em terceira pessoa, sendo uma cena que é meramente citada no decorrer do livro, que é em primeira pessoa, e o que importa são as circunstâncias da cena, não ela. 😀

    1. Thiago d'Evecque

      Oi, Raphael! Que legal essa mudança na voz narrativa do prólogo.

      Espero que dê certo! Eu costumo gostar de in media res.

      Muito boa sorte e sucesso com seu livro!

      Abraços

  4. Karin Silva

    Olá, estou fazendo uma iniciação que preciso de uma abordagem sobre prólogos (mas no meu caso é na área do cinema).
    Mas mesmo assim achei interessante essas funções.
    Você poderia dizer quais foram as fontes de referência para montar esse artigo?
    Obrigada desde já

    1. Thiago d'Evecque

      Oi, Karin! Que abordagem legal (e diferente)!

      Infelizmente, não tenho referência que possa te indicar. Como pode ver, os textos do meu site são bem informais, com opiniões minhas sobre o processo criativo. Não tenho a intenção de ditar regras, apenas comentar sobre o que aprendo e acho útil — ou seja, o que funciona pra mim.

      Esse artigo é somente um comentário sobre a minha experiência com prólogos. Os tipos que classifiquei podem ter outros nomes mais técnicos, sabe? Isso foi o meu ponto de vista como leitor e autor.

      Sugiro procurar em livros sobre roteiros (como Save the Cat!, um dos meus favoritos) e sites mais famosos de escrita, como Writer’s Digest, Screenwriting Tricks, The Write Practice, e por aí vai.

      Muito obrigado pelo comentário. Abraços e boa sorte com o projeto!

      1. Karin Silva

        Ai Thiago, estou sofrendo com essa iniciação viu rsrs.
        Vou abordar os prólogos de Lars Von Trier, e sabe como é essas coisas, tudo precisa de referência e não acho nada em relação à prólogos nos cinema.
        Mas falarei com minha orientadora se é possível citar sobre esse seu artigo, tudo bem para você?

        Obrigada pelas dicas!

        (cai em seu site “de gaiato” e estou adorando, parabéns pelo trabalho)

        1. Thiago d'Evecque

          Sei sim! Na verdade, meu caso foi mais ou menos parecido: fiz minha monografia sobre Seinfeld, mas felizmente a pesquisa foi fácil, porque há muito material disponível sobre a série.

          Claro, sem problema nenhum. Será uma honra! 🙂

          Hahaha que legal, espero que continue curtindo!

          Abraços

          1. Karin Silva

            Ebaaa… muito obrigada.
            Eu te dou um retorno.

            Abraços.

  5. rebeca

    Olá, eu estou pensando em iniciar o prólogo do meu livro com um in media res, mas, quero iniciá-lo com uma narrativa no presente,
    e usar flashbacks para explicar certos acontecimentos no passado, e continuar a história com a narrativa no presente ( durante os capítulos).
    Será que ficará bom dessa forma?

    1. Thiago d'Evecque

      Rebeca, tudo pode ficar bom, mas depende da execução. Não existe nenhuma regra que garanta um prólogo interessante. Se você acha que ele será necessário, se você acha que acrescenta valor à história, vai em frente.

      Flashbacks são conhecidos por tirar o leitor da trama e apresentar desvios cansativos da história principal, mas muitos autores os usam de forma divertida e bem-vinda. Depois que o livro estiver pronto, pergunte a opinião dos leitores beta e corrija de acordo 🙂

      Abraços e boa sorte!

  6. Alexa Farias

    Pode se fazer um prólogo no qual se conta um pouco sobre a história dos personagens principais e um pouco da teoria de cada um?

    1. Thiago d'Evecque

      Alexa, não existe nenhuma regra dizendo o que pode ou não ser feito em um prólogo. Esses são apenas os tipos que achei mais comuns em minhas leituras.

      Se você acha que vai ser interessante e tornar a história melhor, vai fundo 🙂

      Apenas tome cuidado para não cair no número 6, a exposição desnecessária. Pense bem se a informação será importante para o leitor entender ou aproveitar mais a história, ou se será apenas passagens que ficariam melhor diluídas durante o decorrer do livro.

      Abraços e boa sorte.

  7. Bruna Lima Lyrio

    Estou escrevendo um livro e pensei muito sobre colocar ou não um prólogo. De fato, é mais interessante para o escritor do que para o leitor. Vendo dessa maneira e analisando alguns fatos, percebi que na minha história não era necessário, já que a história já começa por si só. Acho que um prólogo serviria só pra aumentar as páginas 😂

    1. Thiago d'Evecque

      Oi, Bruna! Que bom que pude ajudar. Espero que o livro fique ainda melhor com a sua decisão de excluir o prólogo 🙂

  8. Emilly

    Olá, tudo bom? Estou com uma dúvida cruel de como escrever uma cena que vai ter continuidade no decorrer do livro. Digo em relação às conjugações de verbos, afinal, é uma cena que ainda vai acontecer.
    Espero que tenha entendido hahahah

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