Essa é uma ideia do fundador do NaNoWriMo, Chris Baty. Recomendo seu livro No Plot? No Problem!.
O objetivo dos manifestos é criar duas listas com itens que gostamos e odiamos em um livro, para servirem de guia ao escrevermos nossas histórias.
Manifesto das Qualidades
O que torna um livro bom pra você?
É uma pergunta simples, mas que exige reflexão e gera uma infinidade de respostas.
Antes de começar a escrever seu livro, separe dez minutos para pensar no que realmente gosta de ler. Liste as coisas que te fazem virar as páginas, coisas que te fazem sonhar com o livro antes mesmo de lê-lo. Todas as características de uma obra que você considera como qualidades.
Não se preocupe se estiver sendo muito específico ou muito vago — esse é um manifesto pessoal. Inclua qualquer coisa que achar relevante para uma boa leitura.
Talvez você goste de capítulos curtos, ou livros em formatos de carta, ou história medievais, ou violência explícita. Qualquer coisa é válida e não haverá ninguém para te julgar.
Para ter algumas ideias, essa é a minha lista:
— humor aleatório
— capítulos com gancho no final
— capítulos com nomes
— diálogos informais
— personagens caricatos
— sátiras
— artefatos e relíquias poderosas
— metáforas e comparações absurdas
— mitologia
— novas interpretações de coisas batidas
— ação
— fantasia medieval
Agora faça a sua. Procure escrever à mão em vez de digitar. Se preferir digitar, imprima a folha depois.
Esse é o seu Manifesto das Qualidades. As coisas que você aprecia em uma boa leitura são as coisas que estão no seu subconsciente, que você compreende instintivamente e que farão parte dos seus livros. São os elementos que te empolgam como leitor e que te empolgarão para escrever, te deixarão ansioso para colocar tudo na página.
Escreva sempre com essa lista em mente, e de preferência à vista.
O Manifesto não precisa ser permanente. Mude-o quando perceber que seus gostos mudaram.
Manifesto dos Desgostos
Agora vamos fazer a antítese do primeiro Manifesto. Escreva uma lista com os elementos que menos gosta em um livro. Coisas que, se souber que vai encontrar, te afastam da leitura.
Qualquer coisa é valida. Seja sincero e pense em tudo que acha entediante, pretensioso, chato, etc.
Aqui está a minha lista:
— clichês
— linguagem rebuscada
— diálogos rasos que só servem de exposição
— moralismo
— pregação de valores pelo narrador em vez dos personagens
— metáforas óbvias
— excesso de explicação
— finas felizes forçados
— livros voltados para adultos com histórias infantis, bobas
Faça a sua compilação. Esse é o seu Manifesto dos Desgostos, as coisas que você sempre vai evitar escrever.
Mantenha as duas listas juntas quando escrever seu livro. Procure sempre incluir nos seus textos os itens da primeira e evite os da segunda.
Parece besteira precisarmos escrever as coisas que não gostamos para poder evitá-las. Por que alguém escreveria sobre o que não gosta de ler? Pelo mesmo motivo que compramos livros “clássicos”, mas nunca os lemos. Nos sentimos culpados. Pensamos que, se tantas pessoas gostam desse tipo de literatura, ela nos fará bem.
Mas não há gostos universais. Tenha em mente o que funciona e não funciona pra você e esqueça o resto.
Quando sentir que escrever seu livro tornou-se uma tarefa miserável, dê uma olhadinha nos seus Manifestos e veja se não tem alguma coisa errada.
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