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Resenha: A LÂMINA DO IMORTAL – Hiroaki Samura

Blade of The Immortal é um mangá sobre o samurai amaldiçoado Manji, o Matador de Cem Homens. Ele é um ronin imortal (samurai sem mestre) tentando matar mil vilões para expiar seus pecados e finalmente poder morrer.

Manji foi amaldiçoado com a imortalidade através dos kessen-chu, vermes sagrados que curam as feridas do seu hospedeiro. À medida que a história avança, aprendemos mais sobre seus poderes e até encontramos mais pessoas carregando esses vermes.

Em sua jornada, Manji encontra Rin, uma garota cujos pais foram brutalmente assassinados por uma escola de espadas em ascensão chamada Itto-ryu. Nosso anti-herói Manji, um samurai caído, niilista e cansado, sem paciência para outros seres humanos, se sente apegado a Rin — inicialmente porque ela o lembra de sua falecida irmã. Manji se torna seu guarda-costas e jura ajudá-la a se vingar de todos os membros da Itto-ryu.

Violência, vingança e honra

A história se passa em Edo, durante a era Tenmei (1782). A era de samurais, kenshi, yojimbos e honra pela espada.

A arte de Hiroaki Samura tende para o lado mais realista (em oposição a obras mais cartunescas) e entrega toneladas de ultraviolência com um toque quase poético. E a violência e suas consequências são um dos temas recorrentes do mangá.

Rin sabe que seu caminho para a vingança não lhe trará satisfação, mas ela o faz mesmo assim para trazer algum tipo de respeito e paz à memória de seus pais. Quando um menino, filho de um espadachim da Itto-ryu, segue o mesmo caminho que ela, Rin faz o possível para tirá-lo de uma vida desperdiçada em ódio.

O próprio Manji é vítima da violência que inflige. Fora da lei e meio babaca, Manji resiste à prisão e mata o guarda que tenta prendê-lo – ele então descobre que o homem é seu cunhado. Sua irmã testemunha o massacre e enlouquece. Mais tarde, o irmão de uma das vítimas de Manji a assassina.

Manji passará o resto de sua existência com essa culpa. Ele não pode romper com esse ciclo violento. Seu próprio caminho para a redenção está cheio de matança – ele deve limpar seu passado sangrento com mais sangue.

A maioria dos personagens da história compartilha esse ciclo. O próprio líder de Itto-ryu, Kagehisa Anotsu, é movido pela vingança, e sua educação e desgraça familiar levaram à criação da Itto-ryu, uma escola de espadas que zomba do espírito e dos modos honrados dos samurais. As ações horríveis realizadas por seus membros, incluindo Anotsu, lançaram Rin em sua jornada.

A violência distorce esses personagens e os faz cometer mais violência, o que leva a novas tragédias. O dragão engole o próprio rabo.

Alguns abraçam a violência e usam-na para mudar o mundo, ou pelo menos submetê-lo à sua vontade; outros são consumidos por ela e tornam-se seus escravos, usando-a para seu próprio benefício; e outros poucos ainda conseguem cortar a cauda do dragão e se libertar do ciclo.

Eternidade

Embora eu tenha gostado da arte e de muitos dos spreads de mortes de 2 páginas, às vezes a ação é complicada e difícil de acompanhar. Também acho que há um problema de ritmo na série. Alguns arcos duram demais e ocupam muito tempo de página, parecendo intermináveis.

Não sei se foi por isso que o final pareceu apressado. Não foi satisfatório depois de ler 30 volumes e me apegar a tantos personagens e suas lutas. Manji e Rin não tiveram uma conclusão adequada.

Mas gostei de como Samura fez questão de tratar a violência e a imortalidade com maturidade e levantando questões. Vale a pena desperdiçar a vida inteira por vingança? A honra é algo para sobrecarregar seus descendentes? O que é a eternidade para alguém que perdeu tudo, em contraste com quem ainda tem tudo a perder?

A Lâmina do Imortal foi uma jornada divertida, mas sua terceira parte não correspondeu à incrível primeira. Ainda acho que é uma leitura agradável e que vale a pena, mas posso estar sendo tendencioso – tenho boas lembranças do mangá, desde que comecei a lê-lo quando tinha 16 anos, lá em 2003.

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