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Resumo MASTERCLASS Dan Brown: escrevendo thrillers, parte 2

Continuação do meu resumo da Masterclass do Dan Brown — Escrevendo thrillers.

Leia a parte 1 aqui.


7) Criando uma história do zero

    • Dan Brown faz um brainstorming e planeja um thriller usando as lições passadas até aqui.

8) Criando suspense

    • A melhor maneira de criar suspense — assim como usar qualquer outra técnica — é lendo obras de escritores que você gosta e vendo como eles fazem.
    • Adicione algum tipo de perigo iminente para o personagem, em que o tempo é um fator fundamental e está acabando (contagem regressiva). Não deixe ele ter um mês para resolver um problema — faça com que ele tenha apenas algumas horas, ou algo terrível acontecerá.
    • Monólogos internos. Personagem com mau pressentimento, sensação de que algo vai dar errado a qualquer momento. As preocupações do personagem também preocupam o leitor.
    • Coloque algum segredo misterioso no passado do personagem que ainda pesa nas suas decisões e reações atuais.
    • Antagonista secreto agindo por trás das cenas.
    • Linhas narrativas paralelas criam suspense, principalmente pela antecipação de quando e como elas irão se cruzar.
    • Reduza o tempo em que a história transcorre (se os acontecimentos levam duas semanas, corte para apenas uma).
    • Procure começar capítulos no meio da ação (in media res). Pode ser algo pequeno, como o personagem preocupado com algo, nervoso, ansioso.
    • Termine os capítulos em cliffhangers. Atrase a resolução.
    • Retenha informações importantes do personagem e deixe para revelá-las mais adiante. Adie as respostas.
    • Use flashbacks para criar promessas irresistíveis ao leitor e aguçar a curiosidade sobre o que aconteceu no passado.
    • Use pequenos “ganchos” (pulses), como frases de apenas uma linha, para lembrar o leitor de algum perigo, situação ou informação.

Ex: O assassino ainda me esperava atrás da porta.

9) Escrevendo capítulos e cenas

    • Comece o planejamento com apenas uma frase que mostra o propósito do capítulo, o porquê dele existir. Matar um personagem, revelar certa informação, o personagem tentando completar um objetivo. Pergunte-se: “Sobre o que é esse capítulo?”
    • Depois disso, divirta-se com o capítulo. Insira diálogos, descrições e exposições. Você já sabe onde precisa chegar, só resta descobrir/inventar como vai chegar lá.
    • Não revele ao leitor todas as informações de uma vez. Mantenha segredos para conduzi-lo ao próximo capítulo. Deixe o personagem reagir a coisas e estímulos sem mostrá-los ao leitor.
    • Escritores precisam conhecer e fazer bom uso do espaço negativo. São os momentos mais calmos da história que preparam o caminho para os momentos mais intensos. São as conversas que revelam caracterização, exposição, monólogos internos, detalhes que fazem o leitor se aproximar e se importar com o personagem. É quando há uma pausa para recuperar o fôlego antes de ação continuar. [Essas são as cenas de “reação”, mas Dan Brown usou outro nome.]
    • Encurrale os personagens constantemente e force-os a criar uma saída.
    • Crie obstáculos e desafios para o personagem que sejam interessantes para você — físicos, intelectuais ou criativos. O seu entusiasmo vai transparecer na escrita.

10) Escolhendo e usando pontos de vista

    • Escolha somente um personagem pdv por cena e mantenha-se nele até o final. Não “troque de cabeça” no meio da cena, mostrando os pensamentos de vários personagens. Isso tira o leitor da história e faz se ele se afastar dos personagens, sem se conectar a nenhum.
    • Dan Brown geralmente escolhe o ponto de vista do personagem:

1 – que tem mais a perder

2 – que não tem todas as informações e precisa aprender algo

    • No 1, a cena se torna mais visceral e cheia de suspense. No 2, é mais fácil de inserir exposições e criar perguntas que também são as dúvidas que o leitor tem.
    • Teste pdvs diferentes. Se estiver em dúvida entre vários personagens, escreva a mesma cena do ponto de vista de cada um deles e veja qual prefere.
    • Use o ponto de vista para esconder informações. Se o personagem souber de algo que o leitor não deve saber no momento, mude o pdv para manter o suspense.
    • Estabeleça o mais cedo possível de quem é o ponto de vista para o leitor, para a cena não ficar confusa.
    • Mude o pdv para revelar informações sobre o personagem ou sobre algum assunto que o pdv normal não poderia (ou seria improvável/forçado).

11) Exposição e diálogo

    • Use os 5 sentidos para mostrar ao leitor o que ele precisa saber, em vez de contar. Descreva detalhes como os personagens os perceberiam.
    • Mantenha a prosa transparente, simples. Faça o leitor esquecer que está lendo. Preocupe-se apenas em ser acessível e comunicar a história da melhor maneira.
    • Deixe os flashbacks claramente definidos na cena. Não confunda o leitor com os tempos narrativos — se entrar em um flashback, deixe bem claro que o está fazendo.
        • Uma sugestão é usar o pretérito mais-que-perfeito (simples ou composto) para estabelecer o flashback suavemente, partindo então para o pretérito perfeito ou imperfeito (ou a narrativa normal do seu livro). Quando o flashback acabar, lembre-se de avisar o leitor com algum comentário que fixe o tempo de volta.
    • Dan Brown gosta de usar o tempo verbal no presente para falar sobre fatos, como descrição de lugares. Passa para o leitor a sensação de que aquilo é real e imediato.
    • Insira a exposição de maneira interessante e divertida. Procure jeitos diferentes de passar a informação. Se possível, revele detalhes sobre o cenário e sobre o personagem.
    • Cada personagem deve ter, em seu diálogo, suas próprias características, intenções, pontos de vista. O diálogo deve ser específico para cada um — idealmente, apenas uma frase solta identifica seu locutor porque ela contém características únicas.
    • Cada diálogo é movido por uma motivação. Pense no porquê do personagem estar falando algo. O que ele realmente quer? Ele é direto ou manipulativo? Frio ou engraçado? Irritado ou controlado?
    • Movimentar os personagens fisicamente na história, em vez de deixá-los parados conversando, dá a sensação de fluidez e ritmo.
    • Intercale a exposição e a narrativa com diálogos para evitar paredes de texto, que cansam a leitura.

12) Edição e reescrita

    • Releia o texto como se fosse o seu leitor. Imprima ou use um Kindle e mude seu ponto de vista.
    • Dan Brown edita o texto com diferentes cores. O texto em vermelho é o que mais precisa de trabalho, e o preto é o texto final. O objetivo é editar até tornar todo o livro preto. Use também uma cor para passagens em que está indeciso, como amarelo ou azul.
    • Editar em excesso é uma forma de procrastinar e pode arruinar uma história. Procure um equilíbrio entre aparar as arestas mas sem alterar demais a magia original do livro.

13) Protegendo o seu processo

    • Seja gentil com a produção e inflexível com o processo. Não se castigue pela quantidade de palavras escritas ou até pela qualidade delas; seja agressivo somente com o seu compromisso com o processo. Sempre cumpra a rotina que estabeleceu para o trabalho.
    • Minimize as distrações. Se a internet for um problema, escreva offline. Anote os detalhes que precisam ser pesquisados e deixe-os para depois da escrita.
    • A cura para o bloqueio de escrita é escrever. Se não souber como continuar a história do jeito certo, escreva a coisa errada. Escreva errado até encontrar o caminho certo.
    • Tenha uma meta de horas para escrever, e não de palavras. Em dias bons, você não precisa parar quando alcançar sua quota — continue até o fim do horário estipulado. Em dias ruins, você pelo menos firmou o compromisso com o processo.
    • No fim do dia, prepare o seu manuscrito para o trabalho no dia seguinte. Deixe tudo pronto para começar a escrever com menos esforço, como se já tivesse aquecido. Comece uma frase do próximo capítulo (ou próximo parágrafo, etc) e deixe pela metade, para continuar no próximo dia.
    • Faça pequenas pausas para se movimentar. Qualquer tipo de exercício estimula a criatividade e refresca o pensamento.
    • Um exercício criativo para desempacar é pegar a última cena que escreveu, anotar todos os personagens que NÃO aparecem nela e descrever brevemente o que eles estão fazendo fora das páginas.

Espero que tenha gostado desse resumão e ficado com vontade de conhecer a Masterclass. O conteúdo é muito mais amplo e melhor explicado.

Se tiver algo a acrescentar, é só deixar nos comentários.

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