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Resumo MASTERCLASS Dan Brown: escrevendo thrillers, parte 1

As aulas do Masterclass são incríveis. Gostei bastante das aulas do James Patterson, do R.L. Stine e, mais recentemente, do Dan Brown, autor do clássico O Código Da Vinci. O curso foi tão prático e cheio de dicas que resolvi compartilhar minhas notas com vocês.

Para quem ainda não conhece, o Masterclass oferece um serviço de inscrição anual com cursos online, em formato de vídeo, sobre diversos assuntos. Os cursos também podem ser comprados individualmente.

Mestres como N.K. Jemisin, Neil Gaiman, Salman Rushdie, entre outros, fazem parte do elenco de instrutores com cursos disponíveis sobre escrita.

Vale lembrar que esse é um resumo pessoal, com anotações que fazem sentido para mim. Elas nem de longe valem por todo o conteúdo do autor.

Como o resumo ficou bem grande, eu o dividi em duas partes. Essa é a primeira.


1) A anatomia de um thriller

    • Os elementos da história são comuns para qualquer gênero. Toda história tem um mundo, uma questão dramática que move a história, um herói com um objetivo, obstáculos que o impedem de alcançá-lo, um momento em que o herói triunfa sobre o vilão.
    • Três dos elementos básicos ao planejar uma história são os 3 Cs: contrato, conflito e contagem regressiva (contract, crucible e clock).
        • O Contrato é a promessa feita ao leitor que, se ele continuar lendo, vai descobrir determinada informação. Nenhuma promessa é pequena demais — cumpra todas elas. Todas as perguntas devem ser respondidas.
        • O Conflito é o que dificulta a vida dos personagens. É um perigo constante e cada vez pior. Os desafios que o herói enfrenta devem escalar em intensidade até o final da história. Ele não pode escapar, está preso em uma “arena” e só há uma saída. E essa saída é um tormento — está cheia de obstáculos, monstros, perigo e desafios pessoais. É o que torna o personagem heroico e cria um final satisfatório.
        • A Contagem Regressiva é o limite de tempo que está por trás de todo thriller. O tempo precisa ser um fator decisivo na história e pressionar os personagens. Por exemplo, uma bomba relógio, apesar de não ser sutil, funciona porque impõe um limite de tempo para o herói resolver a situação.
    • O ritmo de uma história é um dos principais fatores do thriller. Dan Brown gosta de levantar várias questões bem cedo e respondê-las rápido, levantando outras em seguida. O leitor ganha uma resposta mas também uma dúvida que será respondida um pouco mais à frente. O livro segue assim até o final.
    • Seu trabalho como escritor é dar ao leitor o que ele quer, mas de uma maneira que ele não espera.
    • Riscos enormes não são exclusivos de thrillers, existem em qualquer história. Uma ameaça nuclear não é necessária; impedir o restaurante favorito do herói de fechar funciona tão bem quanto.
    • Leia criticamente. Pense no que funciona e não funciona pra você nos livros e procure entender o porquê. Estude o que seus autores favoritos estão fazendo nas páginas.

2) Encontrando a ideia

    • Confie no seu gosto para histórias. Escreva os livros que gostaria de ler. Alguns leitores não vão ter o mesmo gosto que você, e tudo bem. Várias outros terão. Mantenha-se fiel com o que se importa.
    • Em vez de “escrever o que sabe”, escreva sobre o que quer saber. Escreva sobre assuntos que te interessam, coisas que te deixam entusiasmado de pesquisar e estudar. Essa motivação vai transparecer na sua escrita.
    • O trabalho de escrever um livro é árduo e demorado. Escolha tópicos que estimulem seu interesse e criatividade, que te inspirem.
    • Comece pelo “mundo”. Para sua história ter início, pense em qual “mundo” ela se passa. Mundo aqui significa pano de fundo, ambientação, o “tema” que fundamenta a história. O “mundo” em Fortaleza Digital é segurança nacional, por exemplo.
    • A questão dramática da história: crie a fundação do livro com apenas um tijolo, uma base simples de ser entendida. “Robert Langdon vai conseguir encontrar o vírus e salvar o mundo?” A questão dramática também depende da motivação do herói e do vilão, então ela pode mudar. Mas comece com algo básico e direto.
    • Pense em disputas morais em que os dois lados têm motivos válidos. Em Fortaleza Digital, a disputa era entre a segurança nacional e a garantia de privacidade individual. Até que ponto a privacidade poderia ser invadida para garantir a segurança do Estado?
    • Comece pensando como um filósofo, criando os pontos de conflito nas disputas morais. Uma boa maneira de criar tensão instantânea na história é com a disputa de pensamentos contrários (ciência vs. religião, por exemplo). Depois, passe a planejar como um escritor: quem é o herói da história? O que ele deseja alcançar, qual seu objetivo? Quais obstáculos o impedem?
    • Se estiver em dúvida sobre qual ideia perseguir, crie uma sinopse do livro com cada ideia e escolha a que mais parecer interessante, divertida.

3) Escolhendo os cenários

    • Os lugares em que a história se passa podem aumentar a tensão, o suspense e também o interesse e a dramaticidade da cena. Escolha e pesquise lugares que despertam o seu interesse.
    • Lembre-se de que a história é sobre os personagens, não sobre o cenário. Entregue um gostinho do lugar aos leitores, ensine uma ou duas coisas se for possível, mas não despeje informações somente porque está apaixonado pelo cenário.

4) Criando heróis e vilões

    • Escolha um herói que se encaixe no “mundo” escolhido. Ele precisa ter habilidades ou experiência que sirvam a este mundo.
    • Comece pelo vilão. O vilão é quem vai definir o seu herói. São as dificuldades, os desafios e obstáculos que formam o herói. E o vilão é quem vai pressioná-lo com o conflito necessário.
    • Dê ao vilão motivações plausíveis. Pense em como ele pode fazer a coisa errada pelo motivo certo. Essas áreas cinzentas são mais interessantes que a maldade pura.
    • A motivação por dinheiro é a mais chata. Evite.
    • Introduza o seu vilão com impacto. Deixe claro para o leitor quem ele é, que ele  é perigoso, ou deve ser temido, odiado, etc.
    • Crie um herói com falhas e defeitos para torná-lo mais humano e aproximá-lo dos leitores.
    • O que está em jogo na história deve importar para o herói. Não precisa ser a segurança do mundo inteiro. Pode ser algo menor, como pagar o aluguel e não ser despejado, mas deve ser de grande importância para o herói.
    • Facilite a vida do vilão, nunca a do herói. Sorte e coincidências só podem acontecer em favor do vilão.

5) Ferramentas universais de personagens

    • Introduza personagens secundários com habilidades e experiências que complementem a do seu herói. Isso expande suas opções na história. Se houver possibilidade de romance entre eles, isso adiciona tensão instantâneamente.
    • Deixe a trama decidir que personagem precisa aparecer. Você não precisa preencher questionários enormes para cada personagem antes mesmo da história começar. Você é o mestre do seu mundo. Crie personagens — ou dê novas características aos que já existem — de acordo com a necessidade.
    • A única coisa que você precisa saber sobre cada personagem é a motivação deles. Por que eles fazem o que fazem? O que move suas decisões?
    • Reduza o número de personagens no livro. Procure dar mais de um papel a cada um deles. Isso deixa a trama mais enxuta e as relações entre os personagens mais amarradas, sólidas, tensas.
    • Introduza personagens com alguns detalhes vívidos para ajudar o leitor a formar uma imagem clara sobre eles. Se o personagem aparecer somente por uma cena, não o descreva muito — talvez nem mesmo lhe dê um nome. Isso diz ao leitor “Não se preocupe com esse aqui, ele não é importante.”
    • Revele detalhes sobre o personagem através de monólogos internos. Deixe os personagens interagirem com o mundo por meio das descrições e das exposições.
    • Os seus personagens podem — e alguns devem — ser mais inteligentes que você. Isso requer apenas trabalho e pesquisa.

6) Pesquisa

    • Pesquise o necessário para começar a escrever seu livro. Comece pelo “mundo”. Quando decidir em qual “mundo” ela se passa, pesquise mais a fundo as questões éticas e os pensamentos contrários que podem surgir na história.
    • Depois, decida quais cenários e lugares podem servir melhor à trama, pensando nos conflitos instantâneos que eles geram, como podem se relacionar com os temas, etc.
    • Chega uma hora em que é necessário conversar com um especialista. Ler já não traz respostas suficientes. Depois de pesquisar sobre um assunto, procure alguém com experiência na área para tirar as dúvidas que restaram.
    • Procure as conexões entre os temas pesquisados, personagens, “mundo”, cenários, discussões, etc. Quanto mais pesquisa for feita, mais essas conexões se tornam fáceis de criar. Elas dão a sensação de uma trama mais amarrada.
    • Não tente ter todas as respostas desde o começo, porque é impossível e desencorajador. Esqueça um pouco a organização nos estágios iniciais da pesquisa — preocupe-se em obter inpiração, os ingredientes básicos para criar uma história interessante e divertida. Deixe para se aprofundar mais tarde.
    • Saiba o que deixar de fora. Não é porque você pesquisou duas horas sobre algum detalhe que todas as notas devem entrar no livro. Se não serve à história, exclua. Coloque essas notas em um caderno ou arquivo entitulado “Ideias futuras”. Talvez elas sirvam para outra história.
    • Não deixe a pesquisa se tornar procrastinação. Se você já tem material suficiente para começar o livro, comece. Pesquise mais conforme a necessidade for surgindo.

Leia a parte 2 aqui

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